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Sinapse - Centenário do nascimento de Corino de Andrade
  • Prof. Dr. Corino de Andrade
Corino de Andrade atravessou o século XX, testemunhando e vivendo acontecimentos marcantes. Experimentou dificuldades, lutou com consistência, conseguiu resultados, criou e promoveu conhecimento. Construiu a “Escola de Neurologia” do Hospital de Santo António e contribuiu para o progresso e notoriedade das ciências neurológicas em Portugal. Viu o seu nome associado à polineuropatia amiloidótica familiar de tipo português (PAF) em reconhecimento do trabalho pioneiro na definição da doença. O artigo “A Peculiar Form of Peripheral Neuropathy”, publicado em 1952 na revista Brain, continua a ser a referência portuguesa mais citada na literatura médica internacional. Apreciou, atento e interveniente, os grandes progressos da ciência e da humanidade da segunda metade do século. O seu trabalho e a sua postura foram reconhecidos pela comunidade.
 
A vida científica e a dimensão cívica de Corino de Andrade foram alvo de homenagens, estão documentadas numa biografia, publicada em 2002, e em muitos escritos ou depoimentos de médicos, cientistas, artistas e intelectuais. Recentemente reunimos em colectânea textos diversos, sobre a sua vida e a sua obra, da autoria de António Lobo Antunes, Carlos Soares de Sousa, Jorge Sequeiros, Maria João Saraiva, Mário Soares, Marleide da Mota Gomes, Paula Coutinho, Paulo Mendo, Rosalvo Almeida e Tiago Villanueva.
 
Para esta edição especial da Sinapse, escrevemos algumas notas biográficas, enquadradas na história das ciências neurológicas e ilustradas com fotografias de diferentes épocas. Isabel Leite, sua amiga pessoal e última colaboradora na neurologia, escreveu sobre afectos e vivências. Luís de Carvalho, um dos seus primeiros neurocirurgiões, preparou uma listagem exaustiva de formandos da “Escola de Neurociências do HGSA”.
 
A Sinapse comemorativa começou a ser desenhada há mais de um ano, ainda Corino de Andrade estava entre nós. A escolha da paramiloidose como tema principal pareceu-nos bem, desde logo, apesar das alternativas que se nos ofereciam como a neurologia clínica, a neurocirurgia, o intensivismo, a neuropatologia ou o ensino.
 
A história da PAF foi atravessada, desde os tempos anteriores à publicação do “manuscrito original” até à actualidade, por encruzilhadas peculiares de saberes e de interesses. Para a construção da “história mais bonita da medicina portuguesa”, como lhe chamou Manuel Sobrinho Simões, Corino de Andrade mobilizou gentes de origens variadas: médicos de diferentes formações e sensibilidades, investigadores e académicos de ciências diversas, enfermeiros, técnicos, famílias, doentes e cidadãos empenhados.
 
Propusemos aos autores o exercício difícil de desenvolver os temas através de uma viagem no tempo, desde o “artigo original”, procurando mostrar a evolução dos conhecimentos, dar conta das incertezas e perspectivar o futuro.
 
Os nossos convidados, uma parte importante de todos os que trabalham em paramiloidose em Portugal, aceitaram e responderam ao desafio. Os artigos, nas suas qualidades e enorme diversidade, reflectem o estado da arte e serão uma homenagem justa e elegante. Pretendemos, além disso, que este conjunto de textos adquira utilidade prática para estudantes, médicos e todos os que apoiam doentes com PAF ou lidam com as suas famílias. Como Corino de Andrade gostaria.
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